Homem que matou e escondeu idosa em congelador “não lhe queria fazer mal”

Um homem acusado de matar uma mulher de 80 anos e esconder o corpo numa arca frigorífica, em Estarreja, confessou o crime, esta segunda-feira, no Tribunal de Aveiro, mas alegou que não queria fazer mal à idosa.

“Não sei o que me passou pela cabeça. Agarrei a senhora por trás e coloquei-lhe um lenço na boca e a senhora caiu, mas não tinha intenção de a matar”, disse o arguido.

O crime ocorreu a 26 de maio de 2017, quando o arguido, de 45 anos, se deslocou a casa da vítima, em Salreu, para comprar uma galinha.

O homem, que vivia à data como sem abrigo e arrumava carros, contou que se descontrolou, quando pediu um copo de vinho à idosa e ela recusou.

O arguido negou ainda ter agredido a idosa com um objeto contundente e asfixiado a mulher, admitindo que as lesões que a mesma apresentava tenham sido provocadas pelas quedas.

“Não lhe bati”, afirmou o arguido, que também negou ter violado a octogenária.

Num discurso frio e calmo, quase monocórdico, o homem contou que deixou a idosa caída no chão, ao pé dos currais, e começou a beber bagaço, indo depois deitar-se num quarto da casa.

Só quando acordou na manhã do dia seguinte é que se apercebeu que a octogenária estava morta, tendo sido nessa altura que decidiu colocar o cadáver numa arca frigorífica. “Não o devia ter feito”, disse, admitindo que procedeu desta forma “com medo de ser apanhado”.

“Não queria que aquilo acontecesse. Estou arrependido daquilo que fiz”, afirmou o arguido que pediu desculpa.

Segundo a acusação do Ministério Público (MP), o arguido entrou na residência da mulher de 80 anos para a assaltar e depois agrediu e violou a idosa que acabou por morrer, devido a asfixia por sufocação.

O arguido terá remexido toda a casa à procura de valores, retirando uma carteira da idosa contendo 145 euros e um telemóvel, e foi-se deitar na cama da vítima.

No dia seguinte, antes de abandonar o local, escondeu o cadáver numa arca frigorífica, onde veio a ser encontrado dois dias depois, por familiares.

O arguido, que está em prisão preventiva, está acusado dos crimes de homicídio qualificado, profanação de cadáver, violação e roubo.

Além destes, responde ainda por um crime de homicídio na forma tentada por alegadamente ter tentado, uns dias antes, envenenar com um fármaco e um produto para desentupir canos, misturado com groselha, uma mulher com quem manteve um relacionamento amoroso.

O MP diz que o arguido preparou a bebida para matar a ex-companheira, mas este garantiu em tribunal que a bebida destinava-se a si e que já não era a primeira vez que tentava matar-se.

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here