Há cidades onde se pagam rendas com favores sexuais

A notícia, há uns dias, de um habitante de Ibiza que, prevendo a chegada de muita gente para empregos sazonais no verão, pôs uma anúncio num site em que alugava dois quartos a troco de “150 euros mensais e uma relação sexual semanal com o proprietário”, veio chamar a atenção para este problema, que já havia sido alvo de denúncias noutras cidades europeias.

Há anúncios na Internet que pedem e oferecem estadias em troca de relações sexuais em cidades com mercados imobiliários com preços muito altos. Em muitos casos, os protagonistas admitem que os salários já não são suficientes para garantir o pagamento das rendas exorbitantes. A realidade abre caminho a práticas pouco legais. A última, que ameaça tornar-se moda, é pagar ou cobrar a renda com favores sexuais.

Recentemente, a BBC produziu um extenso documentário em que vários jovens deixaram testemunhos que confirmam esta tendência. “Deram-me uma sala de graça em troca de cozinha partilhada, limpeza e sexo oral uma ou duas vezes por semana”, contava uma jovem.

Na mesma reportagem, uma jovem jornalista da BBC coloca um anúncio em que se faz passar por uma estudante sem grande capacidade financeira, em busca de casa para alugar. “Em poucos minutos recebo respostas sexualmente explícitas. Um senhorio imediatamente pede-me o tamanho do meu corpo e do sutiã, outro diz que podemos “conversar no WhatsApp, contanto que esteja feliz em chegar a um acordo”, descreve.

A jovem repórter confessa ficar “impressionada com a indiferença” com que esses proprietários lhe pedem para dormir com eles, a fim de manter um teto sobre a sua cabeça.

Dá o exemplo de um “senhorio” de 24 anos, que lhe responde da Escócia afirmando que está à procura de “sexo a cada segundo dia ou algo assim”. A jovem adianta que o indivíduo lhe diz que está “a tirar o aspeto humano” do sexo. “Estou a tratar isso como uma transação comercial”, explicita o “senhorio”.

No popular site de anúncios britânicos “Craiglist” são publicados, por dia, mais de 100 anúncios deste género com propostas para partilhar casa em troca de “relações sexuais duas ou três vezes por semana” ou “raparigas “atrevidas” por um quarto”.

No Reino Unido, esse tipo de situações é classificada como crime de incitamento à prostituição e pode implicar sentenças entre um e sete anos de prisão. Mas em outros países europeus a ausência de legislação faz com que estas práticas floresçam, sobretudo numa altura em que a subida vertiginosa das rendas no centro das grandes cidades faz com que os habitantes sejam empurrados para a periferia e que se torne praticamente impossível encontrar habitação a preços razoáveis.

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