Hoje é dia de Eziquio Barros – Nossa data é 1 de agosto.

Nossa data é 1 de agosto


Um desfile ou parada cívico-militar é uma grande performance. É como uma grande peça teatral em que o povo sai as ruas enaltecendo suas virtudes em um grande ato de celebração. Sempre acontece em uma data venerada por um povo referente a um momento de impacto na sua história e que serve para demonstrar o respeito, orgulho e admiração por aquele evento. Qual objetivo desse ritual social senão a de perpetuar o legado de tal fato ou feito para aquele povo?

As antigas legiões romanas desfilavam com seus uniformes, bandeiras, tambores, cavalos e armas nas ruas para que a população os louvasse rumo as conquistas. E o retorno também era triunfal, onde exibiam os espólios de guerra com destaque durante aquele trajeto. Os reinos comemoravam grandes vitorias em batalhas e guerras com seus exércitos nas ruas e posteriormente a religião também sairia as ruas comemorando seus dias festivos.

A França tem seu dia de orgulho em 14 de julho, data da famosa ‘Tomada da Bastilha’, momento decisivo para a Revolução Francesa. Já outros países, comemoram vitórias sobre guerras, instalação dos regimes republicanos ou a data de sua fundação como região.

No Brasil se comemora o 07 de setembro como a sua independência do reino de Portugal ocorrido em 1822, se tornando um país livre e soberano. Desde então essa data é comemorada com desfiles pelas ruas de todo o país, conforme sancionado pelo Imperador para unificar o povo em prol da construção e fortalecimento do Império Brasileiro. A presença de escolas e estudantes chegou a ser obrigatória como no período da ditadura militar, mas hoje em dia é facultativo a cada agremiação a sua participação. Além do exercito e escolas publicas e particulares, outras agremiações cívicas participam do desfile de sete de setembro, como a Maçonaria, Rotary, APAE e clubes municipais.

A cidade de Caxias, obviamente, seguiu as tradições pelo Brasil comemorando o grande feito proclamado por Pedro as margens do rio Ipiranga, criando o Reino Brasileiro. Mas não deveria ser assim.

A nossa independência não ocorrera como as demais cidades brasileiras no ano de 1822. Aqui houve resistência, aqui houve rebeldia. Neste solo houveram batalhas, as espadas foram desembainhadas, o sangue derramou e brasileiros morreram. Aqui de fato houve uma luta pela independência do Brasil. Aqui aconteceu o ultimo capitulo pela criação do soberano Brasil.

A maior data do calendário caxiense foi e continua sendo o 1º de agosto de 1823.

Desde essa luta heroica a sociedade comemora esse feito como um marco de sua história. Sempre foi um dia de orgulho e glorias para o povo caxiense. Era um dia aguardado para as celebrações nas ruas, igrejas e nas casas dos coronéis.

Vinte e dois anos depois daquele dia o jornal Brado de Caxias sob a pena e direção de Candido Mendes de Almeida, em sua primeira edição a circular, datada de 20 de agosto de 1845, traria uma matéria acerca daquela data tão significativa para nossa história.

Alguns dignos caxienses tratarão de levantar essa ignominiosa quarentena e empreenderão festejar o vigésimo segundo aniversário de um dia que para os caxienses deveria ser de tanta consideração como o 2 de julho para a Bahia, e 28 de julho para o Maranhão”.

Naquele ano houve missa solene em comemoração à data na igreja de São Benedito. Depois a sociedade fora convidada a continuar as festividades no Teatro Harmonia, ali mesmo no largo da igreja do anto católico, onde houvera uma conferência sobre a importância da data e poesias recitadas. Evento organizado pela Sociedade Dramática Caxiense ali estavam músicos, artistas e sociedade em geral.

Foi uma sessão memorável, pois contava com a presença do poeta Gonçalves Dias recitando a poesia ‘Ao aniversário da independência de Caxias’ dedicada a bravura do caxiense na luta pela sua independência. Fazia sete anos que o poeta não visitava sua terra natal e ali chegou no mês de março ficando até início do ano seguinte, onde aqui gerou muita polemica com seus hábitos modernos, como fumar e beber cerveja em público.

Um trecho deste artigo do jornal nos chama a atenção: “De sorte que segundo tão doutas personagens, não se deveria festejar o dia 7 de setembro, 2, 23 e 28 de julho, dias em que não houveram as formalidades do juramento”.

Candido Mendes se referia a seus adversários políticos que teriam boicotado as festividades daquele ano no dia 01º de agosto e que defendiam a comemoração da independência de Caxias no dia 07 de agosto, data em que fora assinada o Auto de Juramento a Independência na Igreja da Matriz.

Mera formalidade, pois a então Vila de Caxias teve sua liberdade de fato no dia 01º de agosto de 1823 quando as tropas entraram na cidade em direção ao Morro das Tabocas e onde lá o português Fidié entregou suas armas e assinou sua rendição.

Mas vale observar, desde aquela época, a ideia de algumas pessoas em não se comemorar como data de nossa independência o sete de setembro e sim a nossa data magna em agosto. E eles estão certos.

É no dia 01 de agosto que deveríamos sair em desfiles pelas ruas da cidade comemorando a nossa liberdade e a criação do Brasil.

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