O desemprego faz você que nunca sofreu de inveja, invejar a oportunidade de quem empregado está. Sim, oportunidade, e nisso sorte, e nisso Q.I (Quem Indica).
O desemprego faz você que sempre foi tido como responsável, passar a ter um “I” bem corpudo de Irresponsável, e não é somente porque não responde por um emprego, porque não vai atrás dele, é porque você aparenta está desocupado – mesmo tendo inúmeras ocupações.
O desemprego faz você que sempre primou em bem pagar suas dívidas, virar inadimplente. Inadimplente é palavra bonita, eufemismo, você vira mesmo é o maior velhaco da praça. Não bastou a vida toda sendo correto com os boletos, isso fora esquecido. Agora você além de irresponsável é talvez, também por isso, velhaco.
O desemprego te faz gastar o pouco da grana que ainda tem, na feitura de várias cópias de currículos, que por melhor nota no lattes que possam ter, provavelmente serão preteridos por um melhor “apadrinhado”.
O desemprego te faz pensar: “Poderia ter escolhido outra profissão!”. Mas, aí você olha pro lado e vê que não sofre sozinho. Outros profissionais, tão bons quanto, amargam a mesma situação.
Dizem que é o sistema. E é mesmo, o sistema da sorte ao invés da capacidade.
Não posso esquecer que o desemprego também te faz ser dito como o maior fanfarrão, e por isso, se perguntam de onde vem teu dinheiro pra breja, pra netflix, pras pizzas e miojos…Se perguntam de onde vem o dinheiro que bancou teu celular pomposo…Se perguntam e se respondem: “Deve tá mexendo com algo ilicito!”
Se esquecem que quando estamos sem emprego, a gente trampa, a gente aprende a somar, e aprendemos a ser criativos em tudo e por tudo. Lembramos que temos diploma, mas, que por enquanto ele só nos abana, e isso de nada adianta!
Há valores que títulos não devem usurpar, um deles é o da dignidade, o da consciência limpa: deve, quando puder pague. Não pense em roubar para pagar nada e nem ninguém. Prefira ser um honesto velhaco do que um adimplente ladrão.
