Vídeo: Brasileiros deixam 5 cães e se jogam no mar para fugir do fogo no Havaí

O verão de calor recorde no Hemisfério Norte provocou uma nova tragédia esta semana. Um grande incêndio na Ilha de Maui, no Havaí (EUA), deixou mais de 90 mortos e milhares de desabrigados. O maior desastre natural em mais de 60 anos no arquipélago.

O sistema de sirenes não foi acionado e muita gente ficou no meio das chamas. O fogo chegou tão rápido que os moradores não tiveram tempo de salvar nada. Eles saíram correndo e tiveram que deixar tudo para trás.

Andressa Cicchino e Mike Cicchino moravam em Lahaina, a cidade histórica no Havaí destruída pelo fogo. E foi a decisão de sair para comprar um gerador que salvou a vida deles.

“Quando ele saiu, ele já viu uma fumaça gigante e viu muitos carros descendo e pessoas correndo. Então ele voltou e falou: ‘Vamos sair de casa. Só pega os cachorros’. Então, na hora, eu não consegui ver nem imaginar o que estava acontecendo”, conta a empresária Andressa Cicchino.

O casal tem uma clínica veterinária e estava abrigando cinco cachorros – que tiveram que abandonar. As ruas da cidade estavam bloqueadas, e eles precisaram seguir a pé.

“Nessa hora, a gente se desesperou, a gente pensou que não ia sobreviver. Foi na hora que o Mike ligou para mãe dele para se despedir”, lembra Andressa.
“Também liguei para o meu irmão e para a minha filha, que só tem 4 anos, e disse que amava eles. Foi muito duro”, diz Mike.

Cercados pelas chamas, eles acabaram se jogando no mar para sobreviver como muitos outros moradores.

“Mas dentro da água ficou um vento muito forte, muito forte. Os carros explodindo e a gente vendo crianças pequenas no colo da mãe. Falavam: ‘Mamãe, eu não quero morrer’”, conta Mike.

Salvamentos

Mike ajudou crianças perdidas dos pais, idosos com dificuldades de locomoção e salvou pelo menos 40 pessoas enquanto estava no mar. E, ao mesmo tempo, ainda protegia Andressa. Já em terra, quando finalmente conseguiu ligar para o serviço de emergência, Mike já estava passando mal de tanto inalar fumaça e teve que atender ao pedido de Andressa.

“Eu falei não quero que você vá, porque se você for, você vai morrer. Eu não quero que você morra”, conta Andressa.

Mesmo assim, tiveram que esperar pelo resgate no centro de Lahaina. Foram 12 horas de angústia. Mike recebeu os primeiros socorros ainda na ambulância. É difícil saber quem salvou quem.

“Várias vezes pensei que íamos morrer. Ela que me deu forças. Se estivesse sozinho, ia entrar em pânico e chorar”, afirma Mike.

Depois de passar a noite em um abrigo, eles estão hospedados na casa da mãe de Mike.

“É agradecer a Deus que passamos por tudo isso, mas estamos vivos. Eu só tenho a agradecer a todo mundo, principalmente, a minha comunidade brasileira porque por mais que eu tenha ele e a família dele que me amam muito, eu queria ter o aconchego do Brasil”, desabafa Andressa.

Focos

Os focos de incêndio ainda não estão totalmente controlados na Ilha de Maui. Os bombeiros levam caminhões pipa para encher as piscinas e helicópteros pegam essa água para tentar apagar os incêndios que ainda ameaçam a região.

Uma operação delicada, que exige precisão do piloto. Eles trabalham dia e noite monitorando os incêndios. A todo momento, surgem novos focos – resultado de uma combinação perigosa de seca prolongada e o calor excessivo.

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