COMENTÁRIO: Sobre a Polícia Civil do Maranhão – Blog do Ricardo Marques

O último concurso para delegado da Polícia Civil do Maranhão é de 2017. Dos doze recém-convocados, que foram chamados agora, seis não quiseram assumir o cargo. E olha que o cargo de delegado tem relevância e status social — cerca de R$ 20 mil de salário inicial e garantia de aposentaria tranquila. De acordo com reportagem do G1, os aprovados alegam falta de incentivos que tornem a carreira de delegado no Maranhão atrativa. 

A valorização do trabalho policial é essencial para garantir profissionais motivados e engajados em suas funções, mas, infelizmente, isso tem sido negligenciado pelo governo estadual. A ausência de políticas efetivas para estimular e reconhecer o desempenho dos servidores também contribui para a desmotivação dos candidatos aprovados. A estrutura precária da Polícia Civil tem gerado resistência por parte dos novos delegados. A falta de recursos, tanto financeiros quanto materiais, limita a capacidade da instituição de realizar investigações de forma eficiente, prejudicando o combate à criminalidade e o esclarecimento de casos. Esse problema é ainda mais acentuado nas cidades do interior, onde a maioria das delegacias funciona em condições precárias e, pasmem, em 82 cidades do Maranhão sequer existe delegacia de polícia.

A Associação dos Delegados de Polícia Civil do Maranhão tem alertado sobre o sucateamento da Polícia Civil, apontando para a falta de investimentos em recursos humanos e estrutura adequada, o que compromete gravemente o trabalho policial no estado. A Polícia Civil do Maranhão possui o 2º pior efetivo do Brasil. O cargo de delegado ocupa a 21ª posição em comparação aos salários oferecidos em outros estados. De acordo com dados do Ministério da Justiça, o Maranhão tem o menor investimento per capita em segurança pública do Brasil. Um cenário periclitante, que compromete o combate à criminalidade e a efetividade das ações da Polícia Civil, gerando um ciclo de fragilidade que afeta diretamente a população maranhense que vive com medo, mergulhada na insegurança.