Mulher que nasceu sem canal vaginal fala de desafios e empoderamento

Quando ainda era adolescente, a paulista Claudia Melotti descobriu que não seria mãe. Aos 19 anos, ao iniciar a vida sexual e lidar com grande incômodo, foi informada de que seu problema tinha um nome: síndrome de Rokitansky. Hoje, aos 51 anos, Claudia é médica e fundadora do Instituto Roki, dedicado ao tratamento de mulheres afetadas pela mesma condição.

A síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser (MRKH), mais conhecida como síndrome de Rokitansky, é uma condição rara causada por alteração genética que prejudica o desenvolvimento dos órgãos genitais femininos ainda no período embrionário. O problema acomete uma em cada 5 mil mulheres e pode atingir também o sistema urinário.

Mulheres como ela têm ausência ou desenvolvimento insuficiente do útero, das tubas uterinas e do canal vaginal. As pacientes com a síndrome desenvolvem apenas a parte final da vagina, sendo que o canal interno fica com um comprimento que varia entre um ou dois centímetros – canais vaginais regulares medem entre 7 e 10 centímetros.

Dificuldades no diagnóstico

O diagnóstico da síndrome de Rokitansky tende a ser tardio porque a condição não apresenta sintomas. O problema só costuma ser percebido quando a menina chega à adolescência e a ausência da menstruação passa a ser investigada ou, durante o início da vida sexual, quando aparecem dores.

“Em 1984, os exames não eram tão bem definidos, o ultrassom não era tão claro e os médicos não perceberam que eu não tinha canal vaginal. Aos 19 anos, não conseguia ter uma penetração completa, doía demais e percebi que havia alguma coisa errada. Foi quando recebi o diagnóstico”, recorda Claudia.

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